Num dia cálido como este, encontro-a deitada,
Defronte a mim, rodeada de verde aos molhos,
Num pasmo deslumbrante, vem prostrada,
Soltando-o no fulgor de seus castanhos olhos.
Os seus escuros cabelos sobre a pele dourada
São de ondas trazidas num mar repleto de escolhos,
O deleite de seus braços, de orquídea desflorada,
Eis que ficam gretando, suas pernas, seu vestido de folhos.
Seu respirar é movido com o primor de seu peito,
Embebendo de ar o nosso egrégio leito,
Esboçando o solene encanto do nosso trono,
Do seu corpo guardo a flor do nosso degredo,
Dos seus lábios, a avidez imperante do seu segredo
Sob o terno e doce beijo profundo do seu sono.
[Quem me dera estar bêbado]
Há 10 anos