sábado, 15 de agosto de 2009

(15 de Agosto, 2009)

Num dia cálido como este, encontro-a deitada,
Defronte a mim, rodeada de verde aos molhos,
Num pasmo deslumbrante, vem prostrada,
Soltando-o no fulgor de seus castanhos olhos.

Os seus escuros cabelos sobre a pele dourada
São de ondas trazidas num mar repleto de escolhos,
O deleite de seus braços, de orquídea desflorada,
Eis que ficam gretando, suas pernas, seu vestido de folhos.

Seu respirar é movido com o primor de seu peito,
Embebendo de ar o nosso egrégio leito,
Esboçando o solene encanto do nosso trono,

Do seu corpo guardo a flor do nosso degredo,
Dos seus lábios, a avidez imperante do seu segredo
Sob o terno e doce beijo profundo do seu sono.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

O Homem de fraque

Ao nascer do Sol, o homem já vai,
Agarrando a bengala, rua abaixo, rua acima,
Exibindo o fraque que estima
E a boina que com anos não sai,

Sobre a gasta calça verde, a camisa descai,
Com facécia as pessoas mima,
Mostrando os dentes, envoltos numa rima,
Com o tinto na mão, por até vezes cai.

Os melindrosos olham-no do fundo
E mofam-no, chamando-o de vagabundo,
Invejando o seu encanto de rua,

A flor de seu fraque fala por si,
Compõe o colarinho e sem jeito sorri,
Acenando numa blandície só sua...