quarta-feira, 22 de julho de 2009

Fado de um homem

Menino d'oiro no ventre,
Que do berço aspira à cama.
E na vida a vida entre,
Emanando o fulgor de uma chama,

Cujo tempo desvanece,
Assassino diário da esperança,
E corrói, e dilui, e padece
O imaculado riso d'uma criança.

E o pequeno pronto a medrar,
Conhece as sublimes cousas da Vida,
Formosas mulheres hão-de entrar,
Roubando-lhe a blandície outrora vivida

E arremedar-lhe-ão uma impetuosa alegria,
Enlaçando o seu legado, no final ignoto,
Imbuindo de caos e harmonia
O antes tão brindado poto.

Deixando-o prostrado no caixão,
Roendo-o dos pés ao pescoço,
Bichos e Homens numa eterna união,
Não poupando o mais frívolo osso.

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