O meu completo consciente
Constata que eu sou
O que tudo sente
E o que tudo vê,
Mas dói a Dor de sentir
Porquê? Porquê?!
Dói dizer, dói pensar,
Dói entrar
No rol do austero e clemente esquecer!
Dói viver, dói morrer,
Dói ser e não ser!
Ah! Se ao menos eu pudesse deambular alado
Sobre o complacente peito da minha mãe,
Engolfado no seu colo...
Ou repleto da inocente, imaculada,
Inconsciente e deturpadora esperança!
Ah! Se ao menos eu pudesse
Experimentar ser eterna criança!
Correr vastos campos ceifados,
Pomares ingentes...
(E que pequeninos hoje os vejo!)
Caír e levantar-me,
E a dor dos joelhos esfolados
Abismar-se com o passar leve de um terno beijo...
Se ao menos eu não tivesse que escrever
Para ver esta Dor esvaecer-se
Num mar de poemas de fel!
Ah! Tão doce é a dolente
Tinta azul com que escrevo neste papel!
Tão somente
Como a voz do meu completo consciente...
Que constata que eu sou
O que tudo vê
Mas que nada sente...
E dói a Dor de crescer
Porquê? Porquê?!
[Quem me dera estar bêbado]
Há 10 anos
Sem comentários:
Enviar um comentário